Onde vamos parar?
Pense em qualquer indicador que qualifique uma sociedade ou um país que você gostaria de viver. Melhor em educação e saúde, melhor em longevidade, melhor em qualidade ambiental, melhor em equidade de renda, melhor em empregos e oportunidades, melhor em igualdade na política, melhor em equidade de gênero, melhor em transparência e integridade, etc.
Este lugar existe? Sim. São os países escandinavos. Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia e Dinamarca ocupam o topo de qualquer um dos índices sócio econômicos existentes.
Mas como eles chegaram lá, se na década de 70 eram os países mais pobres da Europa? O fundamental foi a construção de um pacto social lastreado pelo diálogo, no senso de justiça, no consenso de combater as desigualdades e garantir um estado de bem-estar social para todos.
E o nosso Brasil? Afinal é o nosso país, onde vivemos e onde estamos em permanente desafio de construir uma sociedade sustentável e melhor para todos.
Onde vamos parar se a roda que roda continuar rodando com a marca de um dos países mais desiguais do mundo?
Somos o sétimo pais mais desigual do mundo ainda que sejamos a oitava economia do mundo.
Esta semana vários jornais divulgaram o lucro líquido dos bancos em 2019 que foi de 81,5 bilhões de reais; e o montante que foi distribuído aos acionistas na casa de 58 bilhões de reais. Este valor é 56,5% maior do que o valor 2018!
Como a renda e a riqueza de um pequeníssimo grupo de pessoas pode crescer 56,5% em no ano de 2019 enquanto a economia, o PIB brasileiro, cresceu míseros 1,2%?
Qual é a mágica? Não há mágica e sim a existência de mecanismos econômicos e tributários que drenam quase toda a riqueza produzida para os bolsos do sistema financeiro e dos grandes conglomerados empresariais.
Em 2018, a Comissão de Valores Mobiliários, uma autarquia federal ligada ao Ministério da Economia que é responsável por regulamentar, fiscalizar e até punir ações no mercado de valores mobiliários, divulgou a lista dos salários dos presidentes das maiores companhias de capital aberto.
Quanto ganham de salários os principais executivos das maiores empresas? Quem chuta um valor? Imagine um número grande e depois multiplique por 40, e para chegar ao salário anual multiplique tudo isso por 12.
Como exemplo, o presidente do Itau-Unibanco recebeu, em 2018, 4 milhões de reais mensais, somente de salários. Registro em carteira como dizemos. Isso porque ainda há a remuneração variável pelos lucros obtidos e dividendos se for acionista.
O presidente da Vale, na época do desastre em Brumadinho provocado pela empresa, recebia salário mensal de quase 2 milhões de reais.
Estes valores estratosféricos são ainda mais impactantes porque os salários médios destas empresas são milhares de vezes menores, estampando uma das mais graves injustiças sociais: a desigualdade de renda.
Lembrando do exemplo escandinavo, por lá há regras que foram acordadas que limitam a diferença entre o maior e o menor salário em uma empresa. Não ultrapassam 10 vezes.
Vamos combinar que o combate às desigualdades de renda, de gênero, de raça, de poder é o mais importante desafio para a sociedade brasileira?
E se temos a capacidade de aprender com as experiências de outros, há urgência em buscar o diálogo de amplos setores da sociedade brasileira para um novo contrato social que construa o consenso necessário para combater as desigualdades e garantir um estado de bem-estar social para todos. Nada muito diferente do que praticar o terceiro artigo da Constituição Federal.
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