Estamos alertas e mobilizados!
A cidade do Recife, em Pernambuco, foi a "Capital do Clima" entre os dias 6 e 8 de novembro, quando sediou a Conferência Brasileira de Mudança do Clima, que reuniu mais de duas mil pessoas, entre lideranças de movimentos sociais, povos indígenas, governadores, prefeitos, senadores, convidados internacionais, empresários, pesquisadores e cientistas.
Recife figura entre as cidades mais vulneráveis do mundo frente à crise climática pela sua localização e pela relação com o nível do mar. Com os objetivos de firmar compromissos, demonstrar soluções e reafirmar o caminho para a construção de um planeta descarbonizado e sustentável, o encontro promoveu mais de 80 painéis, dezenas de atividades culturais e apresentação de estudos e pesquisas inéditos. A coordenação da conferência contou com dez organizações realizadoras, entre elas o Instituto Ethos, e apoio fundamental da Prefeitura do Recife e do Governo do Estado do Pernambuco.
Tudo isso num ano em que o debate científico foi reduzido ao debate moral, desqualificador da produção científica e da diversidade cultural dos povos indígenas e comunidades tradicionais. Num ano em que a gravidade do cenário e de seus efeitos nas cidades e nos assentamentos humanos nos obrigam a caracterizar o momento como a mais grave crise climática da humanidade. Não é mais simplesmente a mudança do clima.
Num ano em que o Brasil bateu recordes de desmatamento ilegal e incêndios criminosos provocados por grileiros e invasores de terras públicas, contando com o descaso e a inércia do Ministério do Meio Ambiente. Num ano em que há o maior desmonte dos mecanismos governamentais de comando, controle e repressão às violações ambientais. Num ano em que se repete o ciclo perverso da impunidade com os assassinatos de líderes de movimentos ambientalistas e sociais, como aconteceu no Maranhão com o líder Guajajara, Paulo Paulino. Num ano em que está ocorrendo o maior desastre ambiental do litoral brasileiro com o derramamento de petróleo nas praias do Nordeste.
Ignorar, desqualificar ou suavizar os efeitos da crise climática não são signos de um improviso ou da ignorância de alguns governantes. São estratégias conscientes com a intenção de aprofundar as desigualdades em nossas sociedades e em nosso país.
No nosso país, no nosso continente, índios, pobres e negros vivem suas existências sob os mais graves riscos da crise climática agravados pela violência, obscuridade, a violação de direitos e a censura aos seus sonhos.
A Conferência Brasileira de Mudança do Clima buscou dar um basta aos retrocessos e à destruição das políticas ambientais, sociais e fundiárias; buscou afirmar a urgência do cumprimento do Acordo Global Climático firmado em Paris por todos os países e povos.
Esta é uma agenda civilizatória, estratégica e sistêmica, que envolve decisões políticas, econômicas, tecnológicas, de comércio internacional, de modelo energético, de garantias plenas de direitos humanos e de paz entre as nações.
Estamos alertas e mobilizados para levar a Madri, agora em dezembro na COP 25, ao menos uma parte de tudo o que aconteceu na mais importante conferência de clima já realizada no Brasil.
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